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Prevenção combinada para travestis e pessoas trans: estratégias diversas, cuidado único
samantha 23 de março de 2025

Introdução

A prevenção combinada é uma estratégia fundamental no combate ao HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Para travestis e pessoas trans, essa abordagem é ainda mais importante, pois oferece diferentes possibilidades de proteção e cuidado, respeitando as realidades e escolhas de cada corpo e vivência.

A prevenção não se limita ao uso de preservativos — ela envolve acolhimento, informação, testagem regular, acesso à PrEP e PEP, e políticas públicas que garantam o direito à saúde.

O que é prevenção combinada?

Prevenção combinada é o uso integrado de diferentes métodos para prevenir o HIV e outras ISTs. Ela considera a diversidade de contextos sociais, sexuais e individuais das pessoas, oferecendo ferramentas para que cada uma escolha as estratégias que fazem mais sentido para sua realidade.

Entre os principais métodos estão:

  • Uso de preservativos externos e internos

  • Testagem regular para HIV e ISTs

  • Profilaxia pré-exposição (PrEP)

  • Profilaxia pós-exposição (PEP)

  • Redução de danos

  • Tratamento para pessoas que vivem com HIV (como forma de prevenção – carga viral indetectável)

  • Informação e educação em saúde

O que é PrEP?

A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) é um medicamento tomado diariamente que reduz drasticamente as chances de infecção pelo HIV. É indicada para pessoas que têm maior vulnerabilidade à exposição ao vírus — o que inclui travestis e pessoas trans em contextos de violência, discriminação, ou que tenham múltiplos parceiros(as).

A PrEP é oferecida gratuitamente pelo SUS e deve ser usada com acompanhamento médico e exames regulares.

E a PEP?

A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é um tratamento de emergência que deve ser iniciado em até 72 horas após uma situação de risco (relação sexual desprotegida, rompimento de preservativo, violência sexual, etc.). O tratamento dura 28 dias e também está disponível gratuitamente no SUS.

Testagem regular e acesso à saúde

Testar-se com frequência é um ato de autocuidado. Travestis e pessoas trans enfrentam inúmeras barreiras para acessar serviços de saúde — por isso, é essencial que os espaços de testagem sejam seguros, sem julgamento, e com profissionais capacitados para acolher.

Algumas ONGs, serviços itinerantes e centros de referência oferecem testagem rápida, sigilosa e gratuita.

Prevenção também é acolhimento

  • Além dos métodos biomédicos e comportamentais, a prevenção combinada também deve ser afetiva e social. Isso significa criar ambientes que respeitem as identidades de gênero, promovam a escuta ativa e combatam a transfobia institucional.

    Não basta oferecer preservativo: é preciso oferecer escuta, apoio e pertencimento.

Prevenção para quem vive com HIV

Travestis e pessoas trans que vivem com HIV devem ter acesso garantido ao tratamento com antirretrovirais. Com o tratamento adequado, a carga viral se torna indetectável — o que significa que o HIV não é transmitido (I=I: Indetectável = Intransmissível).

Esse é um avanço fundamental na luta contra o estigma e o preconceito.

Conclusão

A prevenção combinada oferece opções reais de cuidado, proteção e autonomia para travestis e pessoas trans. Mais do que uma estratégia médica, ela é uma ferramenta de dignidade. É direito de todos e todas ter acesso à informação, atendimento de qualidade e respeito.